O sofá novo no vinho, na intimidade de um lar vizinho, de plantas na janela e rostos desconhecidos. Mas do que importa se todos riem e falam de amor, morte e dor cheios de romantismo? A mor te ce dor – o jogo de palavras que você assim me ensinou, sorrindo. Não sei mesmo se sorrindo, mas com alguma coisa que não tem nem nome pra se explicar.
Um carinho no braço do sofá, no couro novo, no vinho. Visitas. Perdemos uma hora de nossa vida nova pro horário de verão e nem nos importamos: sorrimos com o tempo nos cobrando. O tempo heterogêneo da mastigação alheia. O oposto da degustação da maçã e da aveia. E também chocolate, latindo endorfina, um violão na mão e vozes finas.
Na sala, quase ao centro, um par de belos jarros com arranjos de cheflera, simples e perfeitos, cabia-se num enquadramento de inusitada composição. Todos admiravam, alcançando nossa compreensão estética e além da imagem. São dois arranjos de composição conceitual. E dessa intimidade de arranjos, acordes e tonturas lépidas, o sangue subindo, descendo, circulando intenso sobre cada pensamento, vimos momentos com prazer e familiaridade. O vinho ajudando a compor beleza, fazendo cuspir o francês decorado de uma canção e as mãos se procurando num carinho da estação. Visitação.
Marli Gadot
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