sábado, 9 de outubro de 2010

Hilda Hilst, do amor contente e muito descontente - nº12



Quero que Hilda se aconchegue num recanto deste andar. Gosto muito dela. 


"O tempo é na verdade o do retorno.

Pensa como se agora fôssemos argila
E estivéssemos sós e mudos, lado a lado.
Por um momento (se viessem chuvas)
Talvez se misturasse o meu corpo com o teu
E um gosto de terra úmida aproximasse


Brandamente
As nossas bocas.


Que seja assim lembrada a tua ausência:
Como se nunca tivéssemos nascido
Sangue e nervos. Como se nunca tivéssemos
Conhecido a verdade e a beleza do amor.
Pensa como seria se não fôssemos.
E não houvesse o pranto, o ódio o desencontro.
O tempo é na verdade o do retorno.
Se não for amanhã, será um dia.
O céu azul e limpo, o mar tranqüilo
Pássaros e peixes, pássaros e peixes

Mais nada."



Hilda Hilst

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