"À cerca de quarenta metros do sopé do morro da Babilônia, numa pequena planície entre as ruas Xavier Sigaud e Lauro Müller, na Praia Vermelha, existe uma antiga chaminé, que pertenceu a um engenho açucareiro que deixou de funcionar em fins do século passado. Do velho edifício não existem vestígios. Há uma pequena base de pedra, e o corpo da chaminé é de tijolos refratários e tem 20 metros de altura.
Escada de ferro
Por dentro existe uma escada de ferro pela qual se pode subir até o topo. Para baixo, há uma entrada que da para um túnel misterioso, que se bifurca depois de percorridos 10 metros . Há pequenos aposentos, onde ainda são encontradas algumas correntes e vestígios de caixas de dinamite. Ali eram guardados os explosivos usados para a dinamitação do Morro da Babilônia, por uma companhia de pedra britada que teve instalações no local.
Os Túneis
Os misteriosos túneis continuam e não se sabe até onde chegam. Alguns moradores acreditam que uma das ramificações atinja Copacabana. A construção data do primeiro terço do século. O Morro da Babilônia sofreu dois graves deslocamentos de terra, por ocasião do temporal da semana passada. Um deles foi em direção a Rua Xavier Sigaud. Matou duas pessoas. A base da chaminé foi atingida em cheio, mas nem se moveu. Não existisse ela, a sede do 4º Distrito de Obras teria sido inteiramente destruída e mortos os funcionários que estavam trabalhando. Mesmo com a interrupção da força destruidora da avalanche, o impacto destruiu duas colunas da sede do IV DO. O primeiro andar ficou soterrado e os funcionários saíram correndo do local, pelos fundos. Para essa fuga foi necessário abrir passagem pelas paredes.
A chaminé, no entanto, já está firme e segura, parecendo retratar o espírito do povo carioca, que atingido pela maior catástrofe do século, permanece imbatível.
Firme, como o espírito do povo carioca, a velha chaminé continua altaneira e recordando a época em que a Praia Vermelha e Botafogo eram importante centro açucareiro."
O GLOBO - 19 de Janeiro de 1966
um tanto de açúcar.
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