Ele podia romper os seus domínios e subir prédios pelos vidros exteriores, fixando suas ventosas pelas janelas, apresentando sua língua de salamandra, seus olhos de pestanas líquidas e íris espantadas. Ao cansar-se dos gritos de dentro dos prédios, podia rasgar sua coluna e presentear-se com asas de libélula.
Daí podia voar e ver tudo distante num refúgio e pousar num rio com a densidade certa pra andar sobre a água. E ao cansar-se de equilibrar seu peso, podia adquirir escamas e brânquias repentinas, modificando-se num ser próprio da corrente aquosa.
Daí podia rolar por pedras de limo, mastigar algas verdes, saltar só pra espirrar pingos e adentrar por um segundo um mundo de ar. Ao cansar-se podia voltar a ser homem, no momento da cascata. E tropeçando com um pé inábil na última pedra antes do abismo, com toda a força da corrente, podia saltar gritando de desespero e entender que mesmo caindo do jeito que era, continuaria se transformando.
Daí podia voar e ver tudo distante num refúgio e pousar num rio com a densidade certa pra andar sobre a água. E ao cansar-se de equilibrar seu peso, podia adquirir escamas e brânquias repentinas, modificando-se num ser próprio da corrente aquosa.
Daí podia rolar por pedras de limo, mastigar algas verdes, saltar só pra espirrar pingos e adentrar por um segundo um mundo de ar. Ao cansar-se podia voltar a ser homem, no momento da cascata. E tropeçando com um pé inábil na última pedra antes do abismo, com toda a força da corrente, podia saltar gritando de desespero e entender que mesmo caindo do jeito que era, continuaria se transformando.
Marcelo Asth
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