sábado, 11 de dezembro de 2010

Comunicação


        
Vamos lá. Por partes. Quem é você dentro do desafiante esquema? Não é preciso responder, pois todo ser é de liberdade que desconhece. Mas tudo se responde, mesmo que de silêncios amortecedores. O nada é preenchido de qualquer ai.
Busco um interlocutor que não peça entendimento das coisas. Que não meça palavras. Compreensão deveras racional tende a levar ao piripaque. Deverá entender-se tudo e a todos? Piquenique no parque pode ser chamado convescote. Eu quero ter 32 nomes e atender com carisma e sorriso pronto.
Não queira me entender mal, mas não sei me explicar. É perigoso por demais cair da linha do limite. Dizem que se corta muito mais. Mas não faço sentido exatamente porque quero me cortar pra ver onde posso chegar. Cada célula que amalgama a minha goma de ser nuclear, um universo dentro do outro. Um conjunto habitacional de seres loucos em cascas de Matrioskas pintadas com delicadeza. Cada camada maior se sente mais responsável, mais bonita, mais acolhedora.  Qual é a parte maior, a que fica por cima de sua história? Tem importância ser o mínimo? Essa idéia delirante de Deus. Me explica? Hermenêutica preocupação de uma explicação que seja exótica. Pergunta não precisa de resposta – só pra saber.
A palavra, além de som de boca abrindo e língua coreografando ar, é acordo e legitima. Valorosa expressão de acordar. Comunicação é o fato de juntar pensamento num produto que dialogue com o produto do outro. De onde saíram essas grafias e seus significados? Perguntar cansa, dá um enfado, um quebranto de querer pensar. Por isso não preste atenção nesse corredor de símbolos que você entende por estar neste mesmo delírio escritual. Nada tem sentido. Quero inventar mais palavras. Borotista é aquele que framegenta a porujorócura da fipilirena incanscial. E se eu falasse: amor. Você entenderia como eu entendo? Pois é. Crio o mundo que quiser. Querendo entrar, pegue a chave na portaria.
Por dentro de mim, um prédio preto, panóptico, palpando o pilotis. Cada tijolo é um disfarce vindo quente direto da olaria. Alguns peço por encomenda que sejam ocos, pra eu cutucar com prazer na minha arruinação. O reboco, a argamassa, a lajota... tudo é palavra que define coisa de construir ambientes. Moro onde e o que é meu de fato?
Não tenho mais nada a falar. Nem pense em querer ouvir. Minha voz está perdida. Pode querer ser insano e querer soar pretensão, mas é exatamente essa a minha vontade. Inquietação. Vem se comunicar aqui comigo, pra gente não se perder desse mundo estranhíssimo. Estou acompanhado de um só. Mas pra onde fui eu quando estava acompanhado de multidões que lavavam minhas imaginações de luxo? 
Comunicar em comum é vitória pra se celebrar. Uma malha literária, imagética, própria de semântica e visualidade. Uma teia, uma rede, uma malha. Uma veia com sede. Uma comunicação só é falha quando um dos dois diz pra que ela valha. Quando rebate alheia em debate, quando se debate cheia em parede.

Marcelo Asth

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