Talvez seja muita violência não se assentar. Eu sou um espinheiro, repleto de arestas, não sou a forma esférica, redonda, que no eixo gira. Posso ser o desleixo que a alma vira quando não encontra sentido em rodar. Sou quadrado, pontudo, cheio de pontos de incômodo. A impressão que passo também pode machucar a garganta de quem me engole. É preciso mastigar - dou a dica. Mas é preciso sangrar o céu da boca. Se penso de modo inverso, não precisa rezar o terço, me interpelar, de que não penso direito, de que não sei rezar. Não há pra quem rezar, tudo está solto e perdido. Insólito-monótono-vácuo, o som da geladeira retrata a vida. Há falsas ilusões espalhadas de que tudo encontra-se em harmonia: é mentira! Eu me choco no que tenta ser esférico, machuco e me firo, por fim. Talvez seja prudente se ausentar do mundo. Há alguém a minha espera que não seja elipse, que não seja esfera. Quero um encontro com o eclipse, com a sombra de uma fera, quero a fuga da tolice de esperar-me a ver quimera. Quem me era, sou quem? Quem me erra se não sou ninguém? Pergunta é estupidez. Estamos sozinhos no mundo e não é a nossa vez. A resposta de um outro vem de um mundo alienígena. Nunca - é fato - saberão poder me dar a rima.
Petrillo Von-Goethe
Nenhum comentário:
Postar um comentário