segunda-feira, 28 de março de 2011

Espera

Sem ele não havia razão alguma pra distrair-se com passos. Tudo o que lhe apresentava o mundo tinha uma carga de estranheza se não fosse com ele. Seus passos ficaram domesticados, acostumados da sombra do pé do passo dele. Por isso, ela não mais dormia direito se não fosse face a face com ele, não fazia almoço se não fosse pra ele comer, não se masturbava se não fosse para o prazer do outro. Ela atingiu o auge da paixão, o extremo quase inalcançável do sentimento. Ela perdeu sua vida ao encantamento alheio.

Ficava sentada no sofá, vendo imagens que engolia sem mastigar. O som penetrava seus ouvidos, mas ela sempre lembrava da intensidade das palavras dele e ficava achando que o mundo não fazia mais sentido algum se não fosse ao lado dele. Era uma tristeza imunda, de lama que atola, de areia movediça que engole sem deixar chance de escapar ilesa.

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Ele voltou do trabalho e ela sorriu. Depois amaram-se nos lençóis.

Marli Gadot

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