Flavinho ganhou um pássaro dos que mais cantavam. E descobriu que amava seu canto. Prendeu-o numa gaiola e ficou a observá-lo em seu cotidiano. Sonhava à noite com o pássaro, que tinham roubado, que o gato tinha amassado as grades, que os garotos da rua tinham tacado pedras. Acordava e ia direto ao pássaro. Alpiste. O pássaro às vezes não correspondia o quanto Flavinho queria ouvir do canto. Talvez o pássaro não quisesse cantar. Talvez quisesse voar pra outros cantos. Mas Flavinho descobriu que um canto bonito saía quando ele oferecia jiló ao pássaro. E passou a dar muitos jilós. E ouvia muitos cantos. E se encantava com as notas. E sonhava com o pássaro. E o pássaro querendo voar. O pássaro foi adoecendo. Não queria mais ficar no poleiro. Não mais cantou. Rejeitou jiló. Morreu.
Marcelo Asth
Coitado desse pássaro aí!!!
ResponderExcluirLembrei da Arara Azul do Rio, feliz com a gaiola e com a menina que cuidava dele.
bj.