sábado, 27 de novembro de 2010

Verdade

Não vou mentir, até porque não faz sentido. Eu sou um ser constituído do que quero ser. E não quero me entender preso no medo do outro. Sou maior do que eu mesmo e ninguém provará o contrário. Grandioso, enxergo distâncias floridas, furacões que me assopram os ciscos do olho e me fazem rodopiar na maravilha. Parece tudo nova dança, andar com pés descalços sem temer sentir bolha. Música sopra só de caminhar, tons sobem no tímpano só por respirar aliviado e seguro. Seguro. Notas são notadas porque tudo se faz som. Fascinação. Tilintante felicidade, barulho de sinos... estou constante, e não intermitente. Estalam todos os desejos e os realizo porque sou muito compreensível comigo mesmo e almejo placidez, força e coragem. Coragem significa agir com o coração. E é com ele que se deve agir e com o cérebro que se deve sentir. O que quero vou à fundo pra descobrir no que em mim já está raso, imerso, visível. Nado e bebo a água rasa. Evaporo só de pensar em matar minha sede quando quero um manancial específico. Um açude pra deter minha ansiedade de soluços. Quero tanta coisa do que quero. Respirar com folga, sentindo o porquê de ter pulmões. Girar, rodar, completar voltas. Transformar-me a tempo de não cristalizar mesquinharia. É tudo novo. Quero cachos negros em tudo o que respiro, cheios de cambalhota e perfume. Acendo dentro de mim todas as lamparinas com teu lume. Lâmpadas de brilho incomum aos meus recantos de penumbra; estão rompendo espaços escondidos com as faíscas da luz que eu mereço, com toda a certeza. Não é pra duvidar. Nem eu mesmo faço isso. Ineditismo. Sei quem estou. Eu vejo muito mais agora, com a possibilidade de instalar focos de luz nas minhas estruturas. Procuro nas paredes em que oro, resgatar e determinar meu encontro feliz. Estou sendo alegre, cheio de vivacidade espontânea. Me descobri, enfim. Por fim, verdade. O que eu quero cada vez mais me invade. É interesse meu lutar por mim.


Marcelo Asth

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