- Filho, já disse... desce da árvore. Tenho que te dar de mamar.
E a mãe com os seios fartos de leite, pingava pelos campos, semeando pequenos miosótis. O filho, colocado sobre o galho pelo vento, decidiu-se por ali como casa. A mãe, angustiada, chorava, pedia pro filho vir ao encontro de seu colo. O filho adquiriu garras e apreço pela árvore, que o nutria. Nasceu um broto de seu ouvido esquerdo e do alto de sua moleira, uma flor inédita, matizada em roxo e vermelho. A mãe decidiu escalar a árvore. Seus pés se lascavam, sangravam. A árvore a rejeitava, fazendo cair pedaços que rapidamente apodreciam, galhos que cresciam espetando a mãe, abelhas ordenadas que se endereçavam aos cabelos da jovem mulher.
Farta, sabendo-se não mais dona de seu bebê, a mulher criou raízes no chão, rasgando o solo e puxando toda a energia da terra, secando assim seus miosótis. Seu corpo se metamorfoseou em casca dura - lascas que normalmente demorariam anos pra se tornarem brutas. Suas mãos se fizeram galhos altaneiros, mas a mulher-árvore continuou seca, sem folhas. Seus dedos de pau fincaram na outra árvore, que aos poucos foi secando também, sendo consumida sua seiva.
O filho, vendo sua mãe em tal esforço, chorou, mas de seus olhos caíram folhas outonais. E foi secando, virando um galho quebradiço e gordo.
A mãe amaldiçoou a natureza.
Levi Trüman
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