sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Trompete

Quanto maior a ignorância, maior o medo. Não pela questão de ignorar por opção. As coisas são muito difíceis de entender. E será certo entender tudo? Ficamos no medo. Ficamos no meio do caminho, não querendo voltar, sendo penoso o passo à frente. Daí, o medo. Não tenho a suficiente sede de busca para me arrebatar a coragem vertiginosa. A coragem, sim, vem em forma de vento.
Minha opinião é curta; não culta; acredito no que é melhor; sou pouca razão; muita sensibilidade. Sendo ignorante de muito, mamando nas tetas sem saber da proveniência do leite, se me dão um tapa pra acordar, me acusando de estar dormindo... daí vem o medo. Pra acordar, concordar, entrar em acordo com quem me esbofeteia. E eu, olhando o alto do céu, num mínimo barulho, como um grilo de olhos espantados. E o outro, querendo-me elefante de sons de trompete. Se me explicarem bem, eu entendo. Quase nunca por mim só.
Me sinto inseguro por não me segurar. Me vejo no escuro quando durmo num olhar cego não por querer, mas por estar.

Marcelo Asth

Um comentário:

  1. "Dizer uma falsidade é mentir apenas pela intenção de enganar, e a própria intenção de enganar, longe de estar sempre ligada à de prejudicar, às vezes tem um objetivo totalmente oposto. No entanto, para tornar inocente uma mentira, não é suficiente que a intenção de prejudicar não seja expressa; é preciso, além disso, a certeza de que o erro em que lançamos aqueles a quem falamos não pode prejudicar nem a eles nem a ninguém de maneira alguma. É raro e difícil poder ter essa certeza; também é difícil e raro que uma mentira seja de todo inocente. Mentir para vantagem pessoal é impostura, mentir para vantagem de outra pessoa é fraude, mentir para prejudicar é calúnia - a pior espécie de mentira. Mentir sem proveito ou prejuízo para si ou para outrem não é mentir: não é mentira, é ficção."
    (Jean-Jacques Rousseau em Os devaneios do caminhante solitário, página 49).

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